Estadiamento do Melanoma

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Toda pessoa que recebe um diagnóstico de melanoma fica extremamente preocupada. Melanoma é uma palavra que assusta. A primeira coisa que vem na cabeça é se é ou não possível curá-lo?

Para que possamos entender o melanoma, seus riscos e seu prognóstico é preciso fazer o estadiamento. Estadiamento é uma classificação que leva em conta o tamanho do tumor é possíveis metástases. O estadiamento do Melanoma, segue o Modelo da American Joint Committee on Cancer (AJCC) 8º edição, levando em conta informações sobre 3 fatores, tamanho (T), metástases para linfonodos (N) e metástases para outros órgãos do corpo (M), por isso é conhecido como estadiamento TNM.

Estadiamento TNM – T de Tamanho ou Tumor

Baseia-se na espessura microscópica do tumor, que só pode ser avaliada após a remoção completa (biópsia excisional) ou parcial (biópsia incisional) do tumor. A espessura é conhecida como índice de Breslow e é informada em milímetros. Quanto mais fino o Breslow, melhor o prognóstico do Melanoma, menores as chances de metástases. Melanomas abaixo de 1 milímetro são considerados “finos” e tem bom prognóstico.

Legenda Estadiamento TNM – Tamanho do tumor

Estadiamento TNM – N de metástases linfonodais

          O melanoma além de invadir a pele, pode se espalhar para os linfonodos regionais. Podemos ter metástases que podem ser avaliadas num exame clínico, ou metástases que só são percebidas em exame de biópsia, especialmente na pesquisa de linfonodo sentinela. Nestes casos, chamamos estas metástases de subclínicas. Além das metástases para linfonodos, podemos ter a chamada satelitose, que são tumores visíveis, não conectados ao tumor principal, distando até 2 cm do tumor principal. Quando a satelitose não é visível, mas identificável no exame de biópsia temos a microsatelitose: metástases microscópicas, não conectadas ao tumor principal. E quando a satelitose dista mais de 2 cm do tumor principal, chamamos de metástases em trânsito.

Estadiamento TNM – Linfonodos e metástases locoregionais

Estadiamento TNM – M de metástases a distância

A mais recente classificação da AJCC, a oitava edição, trouxe informações importantes a respeito de metástases para sistema nervoso central (SNC). Os trabalhos científicos mostram que metástases para SNC são de tratamento mais difícil, portanto, foram classificadas de forma independente das demais metástases a distância. Assim como acontecia na 7º edição, a 8º edição traz uma atenção especial para os níveis de desidrogenase lática (DHL), uma enzima que pode ser avaliada por exame de sangue. Os dados monstram que os melanomas associados a valores mais elevados de DHL tem pior prognóstico, por isso são classificados de forma independente também.

Estadiamento TNM – Métástases a distância

Estadiamento TNM – AJCC 8º edição

Os dados de T, N e M são combinados para gerar o estadiamento, estadiamento é definido em numerais romanos. Estadios I e II são melanomas restritos a pele, sem metástases para linfonodos ou órgãos a distância. Estadio III é o melanoma que já se espalhou para os linfonodos e estadio IV é o melanoma metastático para órgãos a distância.

Estadiamento TNM – AJCC 8ª edição

Além de ser fundamental para entender o comportamento do melanoma, prevendo seu prognóstico, o estadiamento é fundamental na escolha do tratamento do Melanoma. Hoje, temos medicações com resultados muito animadores, e quando o tratamento é iniciado no momento adequado os resultados são melhores. O estadiamento nos permite iniciar o tratamento no momento adequado.

Referências bibliográficas

  1. Amin MB, Edge S, Greene F, Byrd DR, Brookland RK, Washington MK, Gershenwald JE, Compton CC, Hess KR, et al. (Eds.). AJCC Cancer Staging Manual (8th edition).
  2. Crompton JG, Gilbert E, Brady MS. Clinical implications of the eighth edition of the American Joint Committee on Cancer melanoma staging. J Surg Oncol. 2019 Jan;119(2):168-174.

Autor:

Dr. Gustavo Alonso

Dermatologista – CRM – SP: 97410 | RQE – 37815