Como interpretar o resultado da biópsia de um carcinoma basocelular

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Recebi o diagnóstico de carcinoma basocelular, e agora?

Você fez uma pequena cirurgia ou uma biópsia de pele e veio no resultado um carcinoma basocelular. Junto com o diagnóstico existem várias outras informações no laudo. O objetivo deste texto é explicar o que são todos estes termos médicos do laudo.

Tipo histológico ou subtipo histológico ou variante histológica:  

O carcinoma basocelular pode ser classificado em subtipos:

  • Carcinoma basocelular nodular: É o suptipo mais comum do carcinoma basocelular responsável por 50 a 80% dos casos, sendo um subtipo de comportamento menos agressivo.
  • Carcinoma basocelular superficial: É um dos subtipos menos agressivos do carcinoma basocelular, mais comum em pacientes jovens.
  • Carcinoma basocelular micronodular: Responsável por 5 a 20% dos carcinomas basocelulares, é um subtipo mais agressivo, que precisa de tratamento cirúrgico.
  • Carcinoma basocelular infiltrativo ou esclerodermiforme: É o subtipo de carcinoma basocelular que cresce infiltrando a pele, criando “raízes”, e portanto, mais agressivo e com maior chance de recidiva.
  • Carcinoma basocelular pigmentado: 8 a 50% dos carcinomas basocelulares podem ser pigmentados, a pigmentação depende da cor de pele, pessoas mais morenas tem maior chance de ter um tumor pigmentado. Pigmentação não influencia o prognóstico ou a agressividade do tumor.
  • Carcinoma basocelular metatípico ou basoescamoso: É o suptipo mais agressivo do carcinoma basocelular, com alto risco de recidiva e chance de metástases.

O carcinoma basocelular pode exibir mais de um subtipo, portanto é comum laudos anatomopatológicos que informem diagnósticos como: carcinoma basocelular nodular pigmentado ou carcinoma basocelular nodular e micronodular.

Carcinoma basocelular nodular e pigmentado, fotodermatoscopia e fotografia histológica do tumor.

Nível de invasão:

Que estruturas da pele ou abaixo da pele o carcinoma basocelular invade. A pele é dividida em epiderme e derme, sendo a derme dividida em derme papilar e derme reticular. Quanto mais profundo o tumor, mais agressivo e maior risco de recidiva pós tratamento.

Invasão perineural e Invasão angiovascular:

O  carcinoma basocelular pode crescer invadindo nervos (invasão perineural) e invadindo vasos de sangue e vasos linfáticos (Invasão angiovascular). Tumores que apresentam invasão perineural ou perivascular são mais agressivos, com maior potencial de recidiva pós tratamento, e portanto, devem ser tratados com cirurgia com margens amplas ou preferencialmente tratados por cirurgia de Mohs.

Margens cirúrgicas:

Margens cirúrgicas livres significa que todo o tumor foi removido. Se alguma margem está comprometida, isso quer dizer que o tumor não foi completamente removido. Nos laudos anatomopatológicos do carcinoma basocelular são informadas 2 margens: periféricas (radiais ou laterais) e profundas. Quando temos somente a margem lateral comprometida o risco de recidiva do tumor, risco de o tumor voltar depois do tratamento é menor. Quando temos margens profundas comprometidas o risco de recidiva é maior. E se ambas as margens estão comprometidas o risco é ainda maior.

Risco patológico (NICE):

Em alguns laudos, no final, como uma nota aparece a informação sobre o risco patológico segundo o National Institute for Health and Clinical Excelence (NICE) do Reino Unido. O risco patológico é informado em baixo ou alto risco.

  • Baixo risco: Subtipo nodular ou superficial sem invasão perineural ou perivascular, sem invadir profundamente a pele.
  • Alto risco: Subtipos micronodular, esclerodermiforme/infiltrativo ou basoescamoso. Invasão perineural ou perivascular presente ou ainda invasão de estruturas profundas como gordura, músculos, osso ou cartilagem. Carcinoma basocelular de alto risco deve ser tratado por médicos especialistas, de preferência por cirurgia micrográfica de Mohs que é o método com as maiores taxas de cura.

Considerações finais

          O resultado do exame de biópsia do carcinoma basocelular, o laudo anatomopatológico, é voltado para seu médico, contendo informações fundamentais para a escolha do tratamento adequado. O carcinoma basocelular é um tumor que pode ser curado quando tratado corretamente e a biópsia do tumor é informação mais importante na escolha do tratamento ideal.

Referências bibliográficas

  1. Bacchi CE, Melo CRA, Franco MF, Artigiani Neto R. Manual de padronização de laudos histopatológicos – Sociedade Brasileira de Patologia. 4. ed. — Barueri, SP : São Paulo, Manole 2014.
  2. Peris K, Fargnoli MC, Garbe C, et al. European Dermatology Forum (EDF), the European Association of Dermato-Oncology (EADO) and the European Organization for Research and Treatment of Cancer (EORTC). Diagnosis and treatment of basal cell carcinoma: European consensus-based interdisciplinary guidelines. Eur J Cancer. 2019 Sep;118:10-34.
  3. Cameron MC, Lee E, Hibler BP, Barker CA, Mori S, Cordova M, Nehal KS, Rossi AM. Basal cell carcinoma: Epidemiology; pathophysiology; clinical and histological subtypes; and disease associations. J Am Acad Dermatol. 2019 Feb;80(2):303-317.

Autor:

Dr. Gustavo Alonso

Dermatologista – CRM – SP: 97410 | RQE – 37815