Carcinoma basoescamoso ou metatípico

Câncer de Pele, Diagnósticos

Carcinoma basoescamoso, também chamado de carcinoma basocelular metatípico ou carcinoma basocelular com diferenciação escamosa, é um tumor raro, representando 1 a 2% de todos os cânceres de pele. É um tumor que exibe características tanto de carcinoma basocelular quanto de carcinoma espinocelular no exame de biópsia. É uma variante do carcinoma basocelular, mas seu comportamento é bastante diferente. É um tumor mais agressivo, que costuma recidivar, voltar, após o tratamento cirúrgico. Além desta característica de recidivas frequentes, o basoescamoso tem maior risco de metástases, estimado em torno de 5%, que o carcinoma basocelular comum, estimado em menos de 0,1%.

 Como reconhecer um carcinoma basoescamoso

O carcinoma basoescamoso tem o aspecto de um carcinoma basocelular comum, normalmente se apresentando como um nódulo (bolinha) que pode se machucar, ulcerar, formando uma ferida que não cicatriza. O diagnóstico definitivo é feito pelo exame de biópsia. No exame físico é impossível diferenciar entre um basoescamoso e um basocelular comum.

É mais comum na região de cabeça e pescoço, que respondem por 80% dos casos, sendo o nariz o local mais comum com perto de 30% dos casos. É mais frequente em homens de pele clara, especialmente acima dos 65 anos.

Carcinoma basoescamoso em região de nariz de paciente masculino. 80% dos tumores são na região de cabeça e pescoço, sendo mais comuns em homens.  

Tratamento do carcinoma basoescamoso

Carcinoma basoescamosos é um tumor mais raro, portanto, não existem guidelines de tratamento bem estabelecidos como acontece para outros tumores de pele.

Por se tratar de um tumor mais agressivo, o tratamento do basoescamoso é sempre cirúrgico. Deve-se evitar tratamentos clínicos como crioterapia ou uso de medicações tópicas, assim como deve ser evitado curetagem e eletrocoagulação.

O tratamento com cirurgia convencional com margens de segurança adequadas. Apresenta 45% de recidivas, ou seja, quase metade dos casos operados pode voltar quando operados pela técnica convencional. Esta é uma das principais características deste tumor, altas taxas de recidiva.

Exatamente por isso a melhor opção de tratamento é a cirurgia micrográfica de Mohs, tratamento cirúrgico que avalia 100% das margens durante a cirurgia, e apresenta taxas de cura muito superiores. Mesmo com cirurgia de Mohs, as recidivas ficam em torno de 4%, 10 vezes menor do que com cirurgia convencional, mas ainda bastantes superior ao visto em outros tumores tratados com cirurgia micrográfica.

O carcinoma basocescamoso apresenta ainda uma chance de metástases em torno de 5%, bastante superior ao carcinoma basocelular, logo é necessário uma avaliação cuidadosa e eventualmente pedir exames para pesquisar possíveis metástases loco regionais (para os linfonodos da região) ou até metástases à distância (para outros órgãos).

Por ser um tumor com grandes chances de recidiva e uma possibilidade pequena de metástases é importante o seguimento pós operatório com consultas regulares a cada 4 a 6 meses.

Perguntas mais comuns

Um carcinoma basoescamoso retirado cirurgicamente que apresenta o laudo de margens livres tem chance de recidivar? De voltar no mesmo local?

Sim, mesmo que o tumor seja retirado com “margens livres” existe chance de recidiva. Este é um tumor que recidiva com frequência. Na cirurgia convencional apenas uma fração das margens é avaliada, portanto, mesmo que o laudo ateste margens livres isso pode não ser verdade. O melhor método de tratamento do carcinoma basoescamoso é a cirurgia de Mohs.

Carcinoma basoescamoso por dar metástases?

Sim pode. O risco é pequeno, estimado em torno de 5%, risco semelhante a um carcinoma espinocelular. As metástases mais comuns são locoregionais, para os linfonodos responsáveis pela região de pele afetada.

Quanto tempo depois de operado o carcinoma basoescamoso pode-se realizar a cirurgia reconstrutora da região?

Como é um tumor altamente recidivante o ideal é aguardar o resultado do exame anatomopatológico (biópsia) da cirurgia confirmando margens livres para então realizar a reconstrução. Contudo, se optar pela cirurgia de Mohs, como a avalição das margens é feita durante a própria cirurgia, a reconstrução pode ser feita no mesmo momento, na mesma cirurgia.

Carcinoma basoescamoso operado com margens comprometidas no resultado da biópsia, precisa reoperar?

          Essa é uma pergunta que deve ser avaliada caso a caso. Na maioria dos casos a reoperação é a conduta mais segura. Contudo, para alguns casos isolados, em lesões pequenas, e áreas corporais de baixo risco, podemos optar por realizar observação com consultas regulares.

Considerações finais

Carcinoma basocelular metatípico ou basoescamoso é um tumor raro, que acomete mais frequentemente pessoas de pele clara em áreas expostas ao sol, sendo mais comum após os 65 anos. É um câncer de pele de comportamento agressivo, com grande risco de recidiva e um risco não desprezível de metástases, sem tratamento deve ser conduzido por médicos especialistas com experiência na abordagem deste tipo de tumor, sendo a cirurgia micrográfica de Mohs o método de escolha por ter as melhores taxas de cura e a menor chance de recidivas.

Referências

  1. Sgouros D, Apalla Z, Theofili M, et al. How to spot a basosquamous carcinoma: a study on demographics, clinical-dermatoscopic features and histopathological correlations. Eur J Dermatol. 2021 Dec 1;31(6):779-784.
  2. Tan CZ, Rieger KE, Sarin KY. Basosquamous Carcinoma: Controversy, Advances, and Future Directions. Dermatol Surg. 2017 Jan;43(1):23-31.
  3. Garcia C, Poletti E, Crowson AN. Basosquamous carcinoma. J Am Acad Dermatol. 2009 Jan;60(1):137-43.
  4. Fotiadou C, Apalla Z, Lazaridou E. Basosquamous Carcinoma: A Commentary. Cancers (Basel). 2021 Dec 6;13(23):6146.

Recidivas são comuns no carcinoma basoescamoso

Autor:

Dr. Gustavo Alonso

Dermatologista – CRM – SP: 97410 | RQE – 37815