Câncer de pele em couro cabeludo

Localizações especiais

Câncer de pele é o câncer mais comum do ser humano podendo aparecer em qualquer lugar da pele, inclusive no couro cabeludo. Estima-se que o câncer de pele no couro cabeludo responda por 13% de todos os tumores da pele.

O câncer de pele aparece com maior frequência no couro cabeludo que perde os cabelos, na região da careca, mas mesmo pessoas sem alopecia, com cabelos preservados podem ter couro cabeludo. Nos casos de carecas o câncer de pele costuma surgir após os 50 anos, decorrente de exposição solar crônica. Já nas pessoas com cabelos preservados, o câncer de pele surge mais cedo, a partir de 35 anos e parece haver outros fatores causais além da exposição solar. Nos casos de câncer de pele em couro cabeludo de pacientes mais jovens, a incidência é maior em mulheres. Já em pacientes acima de 50 anos, a incidência é muito maior em homens, justificada pela frequência muito maior de carecas entre os homens.

Tipos de câncer de pele do couro cabeludo

  • Carcinoma basocelular do couro cabeludo: É o câncer de pele mais frequente na pele geral, e também, no couro cabeludo. Pode surgir mesmo em áreas com cabelos preservados, que não estejam carecas. Carcinomas basocelulares no couro cabeludo costumam ser mais agressivos que em outros locais da pele.
  • Carcinoma espinocelular do couro cabeludo: Carcinoma espinocelular é o seguindo tipo mais frequente de tumor no couro cabeludo. Está relacionado à exposição solar crônica, sendo mais comum em pessoas de pele clara, acima de 60 anos, com perdas de cabelo. Couro cabeludo é uma localização frequente de carcinoma espinocelular o que é explicado pela exposição solar na região da careca, sem proteção de bonés ou chapéus.
  • Melanoma do couro cabeludo: Menos de 5% de todos os melanomas acontecem em couro cabeludo. Quando ocorrem são mais comuns em homens, acima de 65 anos e com algum grau de alopecia, careca. O melanoma de couro cabeludo é mais agressivo que em outros locais do corpo, apresentando maior risco de metástases e pior prognóstico. Um dado interessante que melanomas de pacientes com cabelos preservados, que não apresentam careca, tendem a ser mais finos, com índice de Breslow menor e melhor prognóstico. Já em carecas o melanoma tende a ser mais espesso e mais agressivo.
  • Metástases cutâneas de tumores internos: Neste caso não estamos falando de câncer de pele, mas sim de outros cânceres que podem espalhar pelo corpo e acabarem na pele do couro cabeludo. Metástases cutâneas de tumores internos para o couro cabeludo são raras, mas não devem ser esquecidas. Talvez um dos tumores que mais apresenta metástases para o couro cabeludo seja o câncer de mama. Outros tumores como câncer de pulmão, melanoma metastático e neoplasias hematológicas também podem surgir como metástases para couro cabeludo.
Tipos de câncer de pele do couro cabeludo. Carcinoma basocelular e espinocelulares são os mais comuns. Melanoma é o mais agressivo. E as metástases cutâneas de tumores internos são muito raras.

Quais os sintomas de câncer de pele no couro cabeludo

Como existem diversos tipos de câncer de pele, os sintomas são variados, mas podemos agrupá-los em uma regra simples: AEIOU

A- Avermelhada: Tumores como carcinoma basocelular e espinocelular em geral se apresentam como lesões avermelhadas no couro cabeludo. Caroços, nódulos, áreas vermelhadas e com casquinha.

E- Evolução: O câncer de pele no couro cabeludo vai apresentar uma história de crescimento ou mudança. Esteja atento a lesões de couro cabeludo que estejam mudando.

I- Isolada: Os tumores de couro cabeludo são lesões isoladas, únicas. Se o sintoma for múltiplo, em várias partes do couro cabeludo, certamente não será um câncer. É muito comum doenças dermatológicas acometerem o couro cabeludo e provocarem casquinhas, vermelhidão e descamação. Mas em geral estes sintomas acontecem em várias áreas do couro cabeludo. Se a vermelhidão ou a casquinha acontece em uma única área, ai temos uma lesão suspeita.

O- Ovalada: Caroços, bolinhas, nódulos ovalados e elevados no couro cabeludo, especialmente aqueles que apresentem crescimento rápido são lesões suspeitas.

U- Ulcerada, formando uma ferida. Toda ferida em couro cabeludo que não cicatriza após 15 dias deve ser avaliada por um dermatologista

Como é feito o diagnóstico do câncer de pele do couro cabeludo

Toda vez que um dermatologista considerar uma lesão de couro cabeludo suspeita ele fará uma biópsia de pele. O diagnóstico de certeza de câncer de pele é feito através da biópsia. O dermatologista retira um fragmento da lesão suspeita e envia para análise e após alguns dias tem o resultado definitivo.

Tratamento do câncer de pele

O tratamento adequado do câncer de pele depende do diagnóstico preciso. De uma forma geral o tratamento dos tumores é cirúrgico, sendo que cada tumor tem particularidades a respeito do seu tratamento. Já nos casos de metástases cutâneas, cada tumor tem um tratamento diferente, sendo fundamental tratar o tumor primário que metastizou para o couro cabeludo.

Como se prevenir de câncer de pele em couro cabeludo

A principal forma de prevenção são os cuidados com o sol. Especificamente no couro cabeludo o uso de chapéus e bonés é a melhor forma de proteção, uma vez que protetores solares para couro cabeludo tem uma cosmética ruim.

Perguntas frequentes

Um caroço no couro cabeludo é preocupante?

Existem várias causas para o aparecimento de um caroço no couro cabeludo, sendo que lesões benignas como lipomas e cistos são extremamente frequentes. Agora um caroço de crescimento rápido, que apresente dor ou sangramento, ou ainda uma lesão que se ulcere formando uma ferida são sintomas de caroços que devem ser avaliados por um dermatologista.

É normal ter pintas no couro cabeludo?

Sim é extremamente comum, muitas pessoas tem pintas no couro cabeludo e isso não tem problema algum. Quando uma pinta começa a crescer muito ou começa a mudar de cor ou formato ai sim ela deve ser avaliada por um dermatologista.

Referências bibliográficas

  1. Dika E, Patrizi A, Veronesi G, Manuelpillai N, Lambertini M. Malignant cutaneous tumours of the scalp: always remember to examine the head. J Eur Acad Dermatol Venereol. 2020 Oct;34(10):2208-2215.
  2. Prodinger CM, Koller J, Laimer M. Scalp tumors. J Dtsch Dermatol Ges. 2018 Jun;16(6):730-753.
  3. Choate EA, Nobori A, Worswick S. Cutaneous Metastasis of Internal Tumors. Dermatol Clin. 2019 Oct;37(4):545-554.

Autor:

Dr. Gustavo Alonso

Dermatologista – CRM – SP: 97410 | RQE – 37815