Doença de Bowen é uma variante de carcinoma espinocelular restrita à camada mais superficial da pele: a epiderme, ou seja, é um carcinoma espinocelular in situ, que ainda não invadiu a derme. A Doença de Bowen pode evoluir para um carcinoma espinocelular invasivo, a chance de evolução para um carcinoma invasivo é baixa, em torno de 3%, mesmo assim é fundamental o tratamento adequado.

Características da Doença de Bowen

  • Local do Corpo: O local mais afetado são as pernas, acometidos em 70 a 85% dos casos. Eventualmente pode acometer o rosto. Quando acomete o rosto o melhor tratamento é a cirurgia.
  • Sexo: é muito mais frequente em mulheres, que correspondem a 70% das pessoas com Doença de Bowen.
  • Idade: A Doença de Bowen pode acontecer em qualquer idade, mas é mais frequente em idosos, entre 60 e 90 anos.  
  • Exposição ao sol: Assim como ocorre com o carcinoma espinocelular, a exposição à radiação ultravioleta é o principal fator de risco.
  • Sistema imunológico: Problemas de saúde que afetem a imunidade são um fator de risco para desenvolver Doença de Bowen, em especial os transplantes de órgão.

Como reconhecer a Doença de Bowen

A Doença de Bowen se caracteriza por uma placa avermelhada e descamativa, de limites bem definidos, com crescimento lento. Em raras ocasiões pode ser pigmentada, escura. O diagnóstico nem sempre é fácil, às vezes os sintomas da Doença de Bowen se confundem com outras doenças dermatológicas não oncológicas como psoríase e eczema. Outro diagnóstico diferencial importante é o carcinoma basocelular superficial. Uma ferramenta útil para fazer o diagnóstico é a dermatoscopia digital.

Doença de Bowen lesão avermelhada, descamativa, pouco elevada.

Tratamento da Doença de Bowen

Por se tratar de um tumor superficial, de baixa agresssividade a Doença de Bowen permite tratamentos não cirúrgicos. É importante lembrar que mesmo tendo bom prognóstico, uma doença de Bowen tratada de forma errada pode evoluir para um carcinoma espinocelular. Por isso a escolha do tratamento adequado é fundamental.

  • Cirurgia: Este é o tratamento que tem as melhores taxas de cura. Doença de Bowen em rosto, ou lesões muito grandes (acima de 2 centímetros) devem sempre ser tratadas de forma cirúrgica. Casos tratados sem sucesso de forma não cirúrgica devem ser sempre submetidos a cirurgia para resolução definitiva do tumor. Casos localizados em regiões delicadas do rosto, ou áreas delicadas do corpo (dedos, região genital) podem se beneficiar da cirurgia migrográfica de Mohs, que além de ter maiores taxas de cura, deixa cicatrizes menores.
  • Crioterapia: Destruição das células tumorais por congelamento. É uma boa opção de tratamento, bastante eficaz, mas que pode deixar uma cicatriz esbranquiçada.
  • Terapia fotodinâmica: Aplica-se um creme contendo uma substância que irã deixar as células do tumor sensíveis a uma luz especial. Após um período de “incubação é feita a exposição à fonte luminosa apropriada que causa a morte das células tumor.
  • Medicações tópicas: existem algumas substâncias de uso tópico que podem ter efeito em doença de Bowen. Seu uso deve ser sempre supervisionado por um médico especialista, nunca usado como automedicação!

Considerações finais

A Doença de Bowen é uma forma de carcinoma espinocelular menos agressiva. Seu diagnóstico pode ser difícil por confundir-se com outras doenças de pele não oncológicas. Doença de Bowen é curável e o tratamento ideal deve ser decidido pelo médico especialista, variando de caso a caso.

Referências bibliográficas

  1. Bath-Hextall FJ, Matin RN, Wilkinson D, Leonardi-Bee J. Interventions for cutaneous Bowen’s disease. Cochrane Database Syst Rev. 2013 Jun 24;(6):CD007281.
  2. Cox NH, Eedy DJ, Morton CA; Therapy Guidelines and Audit Subcommittee, British Association of Dermatologists. Guidelines for management of Bowen’s disease: 2006 update. Br J Dermatol. 2007 Jan;156(1):11-21.
  3. O’Connell KA, Okhovat JP, Zeitouni NC. Photodynamic therapy for Bowen’s Disease (squamous cell carcinoma in situ) current review and update. Photodiagnosis Photodyn Ther. 2018 Dec;24:109-114

Autor:

Dr. Gustavo Alonso

Dermatologista – CRM – SP: 97410 | RQE – 37815