Assim como acontece em todos os outros tipos de câncer, o melhor tratamento do carcinoma basocelular (CBC) é seguir as recomendações de guidelines internacionais. Um dos mais usados pelos médicos é o guideline do NCCN – National Comprehensive Cancer Network.
Neste guideline vamos dividir o carcinoma basocelular em baixo e alto risco, risco sendo avaliado em relação à chance de recidiva, do tumor voltar após o tratamento inicial. O risco de metástases (do tumor se espalhar para linfonodos ou órgãos a distância, no carcinoma basocelular) é mínimo, o CBC muito raramente dá metástases, portanto, o principal fator considerado no momento de definir o melhor tratamento é o risco de recidiva.
O objetivo de qualquer tratamento para o carcinoma basocelular é a cura, é evitar que o tumor possa recidivar. Além da curar, o segundo objetivo do tratamento do carcinoma basocelular é uma boa cicatriz, que preserve a função e a estética local.
Risco de recidiva do carcinoma basocelular
Esta avaliação de risco leva em conta algumas características do tumor e outras características do paciente:
Localização e tamanho do tumor
Tumores localizados em região de cabeça e pescoço, mesmo que sejam tumores pequenos (menores que 2cm de diâmetro) ou que tenham subtipo histológico menos agressivos (nodular e superficial) são classificados como alto risco. Como 80% dos carcinomas basocelulares acontecem em região de cabeça e pescoço, a grande maioria dos tumores é classificada como alto risco. São considerados de alto risco também, tumores localizados em região de mãos e pés, região genital e tumores na região pré-tibial, na canela. Estas regiões apresentam mais risco de recidiva. Algumas regiões do corpo têm risco ainda mais alto de recidiva como pálpebras, nariz e orelhas, merecendo atenção especial. Tumores pequenos, menores que 2,0 cm de diâmetro localizados fora da região de cabeça e pescoço e fora das áreas citadas acima, são considerados de baixo risco.
Bordas
Tumores bem delimitados nos quais é possível determinar onde o tumor começa e termina são considerados de baixo risco. Já tumores mal delimitados, nos quais é impossível demarcar os limites do tumor, são considerados de alto risco.
Subtipo histológico
Existem alguns subtipos histológicos diferentes do carcinoma basocelular, algo que só é possível determinar após um exame de biópsia. Normalmente o laudo da biópsia informa o subtipo histológico. Os subtipos nodular e superficial em geral apresentam menor risco, sendo classificados como baixo risco se forem localizados em corpo, fora das áreas de risco e tiverem tamanho menor que 2,0 cm de diâmetro. Já os subtipos esclerodermiforme ou infiltrativo, micronodular e basoescamoso tem maior risco de recidiva.
Tratamentos prévios
Tumores primários, ou seja, que nunca foram tratados, tem menor risco. Já um tumor que já foi tratado e recidivou tem maior risco de uma nova recidiva, em geral são tumores mais agressivos que precisam de um tratamento agressivo.
Imunossupressão
Pacientes que tenham outras doenças que deixem o sistema de defesa mais fraco, imunossuprimido, como por exemplo Lupus ou AIDS/HIV, ou ainda pacientes que tomem remédios que causam imunossupressão como pacientes transplantados, tem maior risco de recidiva e seus tumores são classificados como alto risco.
Baixo Risco | Alto Risco | |
Localização e tamanho | Corpo, menor de 2 cm | Cabeça e pescoço, mãos, pés, região genital e pré-tibial Tumores maiores que 2cm de diâmetro no corpo |
Bordas | Bem delimitadas | Mal delimitadas |
Subtipo Histológico | Superficial ou Nodular | Micronodular, esclerodermiforme ou infiltrativo, basoescamoso |
Tratamento prévio | Sem tratamento prévio | Já tratado e recidivado |
Tratamento do carcinoma basocelular de baixo risco
O carcinoma basocelular de baixo risco pode ser tratado de forma mais simples, em geral com procedimentos realizados no próprio consultório do dermatologista, com boas taxas de cura.
Curetagem e eletrocoagulação
Este é um procedimento simples onde é feito uma raspagem forte (curetagem) seguida do uso do bisturi elétrico. Normalmente são feitos 2 ciclos do procedimento no mesmo dia para uma maior taxa de cura. É um procedimento com boas taxas de cura, contudo, a cicatriz resultante pode não ser tão estética. Não deve ser usado para tumores em cabeça e pescoço, ou tumores em áreas com muitos pelos.
Cirurgia convencional
É a remoção do tumor com uma margem de segurança adicional ao redor do tumor. Em geral para tumores de baixo risco a margem de segurança usada é menor, entre 3 a 5 milímetros. As taxas de cura são elevadas, sendo uma das melhores opções.
Radioterapia
Destruição do tumor por meio da radiação. É um tratamento extremamente eficaz para tumores de baixo risco, com excelentes taxas de cura e uma boa resposta estética. Em geral reservamos a radioterapia para pacientes que não tem condições cirúrgicas. O ponto negativo deste tratamento é que o paciente precisa se deslocar até o tratamento para fazer entre 10 a 20 sessões. No Brasil, nem todas as cidades contam com serviço de radioterapia o que pode dificultar a indicação do tratamento.
Tratamentos não cirúrgicos
Existem alguns tratamentos não cirúrgicos com injeção de medicações diretamente sob a pele e uso tópico de medicações. As taxas de cura são menores, mas bastante interessantes para tumores pequenos de áreas de baixo risco.
Tratamento do carcinoma basocelular de alto risco
Nos carcinomas basocelulares de alto risco a escolha é sempre pelo tratamento cirúrgico. O paciente só não fará cirurgia se não tiver condições clínicas para tal.
Radioterapia
A radioterapia segue com boas taxas de cura para tumores de alto risco, mas já são taxas de cura menores do que acontece para tumores de baixo risco. A radioterapia é indicada sempre que houver contra indicação ao tratamento cirúrgico.
Cirurgia convencional
É a remoção do tumor com uma margem de segurança adicional ao redor do tumor. Para tumores de alto risco as margens de segurança são maiores entre 4 a 10 milímetros de margens circunferenciais.
Cirurgia de Mohs – tratamento com as melhores taxas de cura
A cirurgia de Mohs é o tratamento cirúrgico do carcinoma basocelular com as melhores taxas de cura. Diferente do que acontece na cirurgia convencional, não existem margens pré determinadas. O tumor é removido e imediatamente analisado ao microscópio para ter certeza se todo tumor foi ou não removido. Caso o câncer não tenha sido completamente removido, o cirurgião retira mais tecido até que tenha certeza de cura, de que todo o tumor foi completamente removido. É o método cirúrgico com os melhores índices de cura e as recidivas raras. Ao mesmo tempo que tem as maiores taxas de cura, a cirurgia de Mohs permite realizar a menor cirurgia possível, removendo a menor quantidade de pele e tecido saudável ao redor do tumor, desta forma, produz as menores cicatrizes, com os melhores resultados estéticos. Está indicada em todos os tumores de alto risco, mas especialmente para os carcinomas basocelulares localizados em face.
Seguimento do carcinoma basocelular
Após o diagnóstico e o devido tratamento de um carcinoma basocelular é fundamental manter o seguimento com um dermatologista. O seguimento tem como objetivo reconhecer e diagnosticar precocemente possíveis recidivas do tumor tratado. Além das recidivas, pessoas que já tiveram 1 carcinoma basocelular tem risco de apresentarem novos carcinomas basocelulares em outras áreas do corpo. O seguimento com exame físico completo é recomendado a cada 6 ou 12 meses. O intervalo deve ser avaliado caso a caso pelo médico dermatologista.
Respondendo a pergunta: qual o melhor tratamento para o carcinoma basocelular?
O melhor tratamento é a cirurgia. Dentre as modalidades cirúrgicas a cirurgia micrográfica de Mohs tem as melhores taxas de cura com os melhores resultados estéticos. A cirurgia de Mohs está especialmente indicada nos tumores que tem maior risco de recidiva, principalmente tumores localizados na face.
Perguntas frequentes
Qual a chance do carcinoma basocelular voltar?
O risco de recidiva depende do tamanho, local e subtipo do tumor. Depende também se é um tumor primário, ou seja, nunca tratado ou recidivado. E depende também do tipo de tratamento escolhido. Tumores de alto risco tem maior chance de recidiva. Tumores grandes ou localizados em face tem maior risco de recidiva. E de todos os tratamentos existentes, as menores taxas de recidiva são da cirurgia de Mohs. Em geral, um tumor diagnosticado precocemente e tratado adequadamente tem pouca chance de recidivar.
Qual o melhor tratamento para o carcinoma basocelular superficial?
O carcinoma basocelular superficial recebe este nome pela característica de crescer somente na superfície, não invadindo estruturas mais profundas da pele. Justamente por isso tem um comportamento menos agressivo e pode ser tratado de formas não cirúrgicas. Tumores pequenos (menores que 2,0 cm) localizados no tronco ou membros podem ser tratados de forma não cirúrgica. Já tumores localizados em face, couro cabeludo, mãos, pés e regiões genitais, ou tumores maiores que 2,0 cm devem ser tratados por cirurgia.
Qual o melhor tratamento para o carcinoma basocelular infiltrativo?
O carcinoma basocelular infiltrativo ou esclerodermiforme tem este nome justamente por crescer infiltrando os tecidos, como se formasse raízes. Justamente por esta característica são tumores mais agressivos, que podem ser incompletamente removidos na cirurgia, podendo recidivar. Nos casos de carcinoma basocelular infiltrativo ou esclerodermiforme o melhor tratamento, com maiores taxas de cura é a cirurgia de Mohs.
Qual o melhor tratamento para o carcinoma basocelular nodular?
O carcinoma basocelular nodular ocorre com maior frequência em rosto, desta forma o melhor tratamento é sempre cirúrgico. Por acometer a face e gerar também uma preocupação estética, a cirurgia de Mohs acaba sendo a melhor opção de tratamento, por ter as maiores taxas de cura associado ao melhor resultado estético. Quando o carcinoma basocelular é pequeno e ocorre no corpo ele pode ser tratado por tratamentos não cirúrgicos.
Qual o melhor tratamento para o carcinoma basocelular no nariz?
O nariz é o local com maior incidência de carcinoma basocelular, entre 30 a 50% de todos os tumores surgem no nariz. Esta é uma região de alto risco de recidivas, portanto, o tratamento deve ser sempre cirúrgico, não importando o tamanho ou subtipo histológico do tumor. Como é uma região de grande importância estética para o rosto, quanto menor a cirurgia, menor a cicatriz e melhores os resultados estéticos. O tratamento que tem as melhores taxas de cura com os melhores resultados estéticos é a cirurgia de Mohs.
Você ou alguém próximo a você está com carcinoma basocelular? Na Clínica Dôvera somos especialistas no tratamento, agende uma consulta e juntos vamos definir qual o melhor tratamento para o seu caso.
Referência bibliográfica
- Naik PP, Desai MB. Basal Cell Carcinoma: A Narrative Review on Contemporary Diagnosis and Management. Oncol Ther. 2022 Dec;10(2):317-335
- Brown AC, Brindley L, Hunt WTN, Earp EM, Veitch D, Mortimer NJ, Salmon PJM, Wernham A. A review of the evidence for Mohs micrographic surgery. Part 2: basal cell carcinoma. Clin Exp Dermatol. 2022 Oct;47(10):1794-1804
- NCCN Clinical Practice Guidelines in Oncology (NCCN Guidelines®). Basal Cell Skin Cancer. Version 2.2022 — March 24, 2022