Queratose actínica

Câncer de Pele, Diagnósticos

O que é queratose actinica?

Queratose actínica ou ceratose actínica é uma lesão de pele causada pelo sol (por isso chamada de actiníca) que se caracteriza por áreas avermelhadas ou ligeiramente acastanhadas com uma superfície áspera, queratósica (por isso queratose).  São lesões causadas pela exposição crônica à radiação ultravioleta. É uma queixa muito freqüente nos consultórios dermatológicos, especialmente em pessoas de pele clara.

Características da queratose actínica

  • Local do corpo: Normalmente aparece em áreas expostas do corpo, como rosto, colo,  antebraços e  mãos. Em homens calvos pode acometer o couro cabeludo. Pode ser uma lesão isolada, mas normalmente é múltipla, acometendo toda uma área exposta cronicamente ao sol.  
  • Sexo: São mais comuns em homens, principalmente devido a maior exposição solar profissional.
  • Idade: Ocorrem com maior frequência após os 50 anos de idade. Pessoas claras que se expõe ao sol podem ter queratose actínica mais precocemente, na Australia, estima-se que 40-50% da população acima de 40 anos tenha pelo menos 1 lesão de queratose actínica.
  • Baixa imunidade: Pessoas com imunidade baixa tem um risco maior de desenvolver queratoses actínicas, especialmente pacientes com transplante de órgãos. Nestes casos as queratoses actínicas tendem a evoluir mais rapidamente para um câncer de pele.

Como reconhecer uma queratose actínica

Queratoses actínicas quando muito iniciais, são pequenas em tamanho, sendo mais palpáveis que visíveis. São lesões ásperas, conferindo um aspecto de lixa ao toque. Quando crescem um pouco se tornam áreas avermelhadas, rosadas, algumas podem eventualmente ser mais acastanhadas, sendo conhecidas como queratose actínica pigmentada. Normalmente tem uma porção central mais áspera e amarelada. As queratose actínicas tradicionalmente são múltiplas, acometendo toda uma região da pele.

Queratose actínica: lesão avermelhada, com “cascas” brancas,  áspera ao toque

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Queratose actínica pode virar um câncer de pele?

Sim pode. A queratose actínica é considerada o primeiro passo para o desenvolvimento de um carcinoma espinocelular. O risco de transformação em carcinoma espinocelular é estimado em 0,1 a 10% ao ano. Contudo, sabe-se que 60% dos carcinomas espinocelulares são originários de queratoses actínicas. Carcinoma espinocelular é um câncer de pele com potencial de metastizar, espalhar pelo corpo, podendo, inclusive, levar a óbito. Pelo risco de transformação em carcinoma espinocelular, é considerada uma lesão pré-maligna ou pré-cancerosa, devendo receber um cuidado adequado, não podendo seu tratamento ser negligenciado.

O que é campo cancerizável?

          Nos últimos anos, com o melhor entendimento da ação do sol na pele, o conceito de campo cancerizável tem ganhado importância. Queratoses actínicas são lesões pré-cancerosas da pele causadas pela exposição solar. Mas, não foi somente aquela pequena área da pele que tomou sol. Toda a região de pele exposta ao sol acaba sofrendo algum tipo de dano. Este é o campo cancerizável: além da lesão de queratose actínica, toda a pele ao redor, mesmo que seja aparentemente normal, tem um risco maior de desenvolver um câncer de pele. Hoje, preconiza-se que além do tratamento das queratoses actínicas devemos tratar a pele como um todo, tratar o campo cancerizável.

Tratamento do queratose actínica

A prevenção é o mais importante! Pessoas de pele claras, olhos e cabelos claros, devem evitar a exposição solar e usar filtro solar.  Como queratoses actinícas tendem a ser múltiplas, o tratamento deve tratar uma área toda e não as lesões individualmente.  O tratamento deve ser sempre orientado e supervisionado por um médico especialista. Lembre-se o diagnóstico diferencial entre uma queratose actínica e um câncer de pele é difícil e só um especialista pode diagnosticar e tratar de forma adequada.
    Queratose actínica não é uma lesão maligna, mas por ter um risco de transformação em carcinoma espinocelular, é sempre recomendado tratar as queratoses actínicas para evitar esta transformação.

Queratose actínica pode ser tratada de diversas formas. Existem tratamentos tópicos com uso de cremes e pomadas, tratamento com terapia fotodinâmica, crioterapia, ou cauterização química. Cada tratamento tem seus pontos positivos e negativos, o melhor tratamento deve ser decidido entre o paciente e o médico responsável

          Quem tem queratose actínica já teve uma exposição solar suficiente para causar uma lesão pré-cancerosa, ou seja, tem um risco muito mais elevado de ter um câncer de pele. É fundamental tomar medidas de proteção solar (ficar na sobra, usar roupas, chapéus e aplicar filtro solar). Além das medidas de prevenção é recomendado o tratamento das queratoses actínica evitando sua transformação em câncer de pele. Também é prudente um acompanhamento anual ou semestral com um dermatologista.

Referências bibliográficas

  1. de Oliveira ECV, da Motta VRV, Pantoja PC, et al. Actinic keratosis – review for clinical practice. Int J Dermatol. 2019 Apr;58(4):400-407
  2. Figueras Nart I, Cerio R, et al. Progressing Evidence in AK (PEAK) Working Group. Defining the actinic keratosis field: a literature review and discussion. J Eur Acad Dermatol  Venereol. 2018 Apr;32(4):544-563.
  3. Arenberger P, Arenbergerova M. New and current preventive treatment options in actinic keratosis. J Eur Acad Dermatol Venereol. 2017 Sep;31 Suppl 5:13-17.
  4. Salmon N, Tidman MJ. Managing actinic keratosis in primary care. Practitioner. 2016 Oct;260(1797):25-9.

Autor:

Dr. Gustavo Alonso

Dermatologista – CRM – SP: 97410 | RQE – 37815