Carcinoma basocelular nodular

Câncer de Pele, Diagnósticos

Carcinoma basocelular é o tumor mais comum do ser humano. Este tumor pode apresentar alguns subtipos, cada subtipo possui características próprias e os tratamentos podem mudar de subtipo para subtipo.

O carcinoma basocelular (CBC) nodular é o subtipo mais comum de CBC, respondendo por 50 a 80% destes tumores. Como todo CBC, o carcinoma basocelular nodular raramente dá metástases, isto é, espalha pelo corpo, mas pode ser agressivo localmente. Em geral tem comportamento menos agressivo pelo seu crescimento expansivo ao invés de infiltrativo. O CBC nodular cresce afastando os tecidos ao invés de crescer invadindo os tecidos, desta forma seu tratamento é mais fácil e com maior possibilidade de cura.

 Como reconhecer um carcinoma basocelular nodular

O carcinoma basocelular nodular em geral apresenta-se, como o próprio nome diz, como um nódulo, uma “bolinha”, avermelhada. Sua superfície pode exibir um brilho perolado. É comum a presença de finos vasos de sangue, conhecidos como teleangiectasias. O CBC nodular eventualmente é pigmentado, escuro, enegrecido. É mais comum ocorrer esta pigmentação em pessoas de pele morena ou negra. Como todo CBC pode ulcerar, formando a famosa “ferida que não cicatriza”. 90% dos carcinomas basocelulares nodulares ocorrem na face, sendo o local mais comum o nariz. É comum após os 55 anos de idade, ocorrendo com maior frequência em homens.

Carcinoma basocelular nodular apresentando as características clássicas: Nódulo (bolinha) avermelhado com brilho perolado e telangiectasias (vasinhos de sangue).

Classificação de risco do carcinoma basocelular nodular

O carcinoma basocelular pode ser estadiado de acordo com a 8ª edição do sistema de estadiamento de câncer da AJCC (American Joint Committee on Cancer) , que é o sistema usado para a grande maioria dos cânceres, contudo esta classificação é pouco prática e acaba agrupando o carcinoma basocelular junto com o carcinoma espinocelular. Desta forma usamos uma classificação mais simples, classificamos o CBC em alto risco ou baixo risco, de acordo com a chance do tumor voltar após o tratamento inicial, de recidivar. Este risco de recidiva é influenciado por alguns fatores relacionados ao tumor como: sua localização, seu tamanho, seu subtipo histológico e  por já ter sido tratado previamente ou não.

Classificação de risco do carcinoma basocelular

O subtipo nodular do carcinoma basocelular (CBC) tem menor risco de recidiva que outros subtipos, contudo se o CBC nodular estiver localizado em face (ou outras áreas de risco), se for mal delimitado, maior que 2cm de diâmetro ou recidivado ele será considerado de alto risco.

Tratamento do carcinoma basocelular nodular

O tratamento depende da classificação de risco do carcinoma basocelular nodular. São considerados tumores de baixo risco os carcinomas basocelulares nodulares localizados em tronco, menores que 2 cm de diâmetro, primários (não foram tratados antes), em pacientes sem nenhum tipo de imunossupressão. Tumores de baixo risco podem ser tratados com curetagem e eletrocoagulação, cirurgia convencional e até cirurgia de Mohs. Nos pacientes sem condições clínicas de realizar cirurgia está indicada a radioterapia. Tratamentos não cirúrgicos como crioterapia podem ser usados em tumores pequenos localizados fora das áreas de risco.

Já os tumores de alto risco, tumores maiores que 2 cm de diâmetro, localizados em região de cabeça e pescoço, mãos, pés, regiões genitais e canelas (pré-tibial), tumores recidivados (que já foram tratados anteriormente) e tumores em pacientes com algum tipo de imunossupressão, devem ser tratados de forma cirúrgica, seja por cirurgia convencional ou preferencialmente por cirurgia de Mohs. A diferença fundamental são as margens de segurança, nos tumores de alto risco as margens de segurança tendem a ser maiores.  Nas lesões em face ou em outras áreas delicadas como região genital, a melhor opção de tratamento é a cirurgia micrográfica de Mohs, que apresenta os melhores índices de cura, com as menores cicatrizes. Como 90% dos carcinoma basocelulares nodulares se localizam em face a cirurgia de Mohs acaba sendo a melhor opção por reduzir as cicatrizes, obtendo melhores resultados estéticos, ao mesmo tempo que mantém excelentes taxas de cura.

         

Perguntas frequentes:

Carcinoma basocelular nodular precisa fazer quimioterapia?

Não, em geral os casos de CBC nodular são tratados com cirurgia e as taxas de cura são extremamente elevadas. A quimioterapia (na verdade a terapia alvo com Vismodegibe ou a Imunoterapia com Cemiplimabe) fica restrita aos raros casos avançados localmente ou que possam ter metástases. Mas são muito raros, visto que o tratamento cirúrgico é extremamente eficaz.

O carcinoma basocelular nodular pode aparecer no rosto?

Na verdade o local mais comum de aparecimento é justamente o rosto, 80% dos CBCs nodulares acometem a região de cabeça e pescoço.

Carcinoma basocelular pode ser pigmentado?

Pode, no Brasil é muito comum que os carcinomas basocelulares sejam pigmentados, o que acaba confundindo um pouco o diagnóstico. Mas, mesmo pigmentados ainda mantém o brilho perolado.

Considerações finais

Carcinoma basocelular nodular é um tumor maligno de excelente prognóstico, sendo o subtipo mais comum do carcinoma basocelular. Este subtipo acomete a face com frequência, nestes casos a cirurgia de Mohs é a melhor opção.  Tumores de alto risco devem ser sempre tratados de forma cirúrgica com margens de segurança adequadas.  

Referências

  1. Cameron MC, Lee E, Hibler BP, et al. Basal cell carcinoma: Epidemiology; pathophysiology; clinical and histological subtypes; and disease associations. J Am Acad Dermatol. 2019 Feb;80(2):303-317
  2. Deng M, Marsch AF, Petronic-Rosic V. Molecular Variations in Histologic Subtypes of Basal Cell Carcinoma. Skinmed. 2017 Aug 1;15(4):265-268.
  3. Sinx KAE, Nelemans PJ, Kelleners-Smeets NWJ, et al. Surgery versus combined treatment with curettage and imiquimod for nodular basal cell carcinoma: One-year results of a noninferiority, randomized, controlled trial. J Am Acad Dermatol. 2020 Aug;83(2):469-476

Carcinoma Basocelular Nodular em face.

Autor:

Dr. Gustavo Alonso

Dermatologista – CRM – SP: 97410 | RQE – 37815