Câncer de pele na orelha

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O surgimento de câncer de pele na orelha é algo relativamente comum, as orelhas estão muito expostas à radiação solar, especialmente em pessoas que usam cabelos curtos. Câncer de pele na orelha costuma ter um comportamento mais agressivo se comparado a outros locais da região da face. Acredita-se que este comportamento agressivo seja fruto de um diagnóstico mais tardio e, também, da anatomia da orelha, com cartilagem logo abaixo da pele, favorecendo a invasão da cartilagem e facilitando o crescimento lateral do tumor.

Quais os tipos mais comuns de câncer de pele na orelha?

Os 3 tipos mais comuns são carcinoma basocelular, carcinoma espinocelular e melanoma.

Tipos mais comuns de câncer de pele na orelha

Carcinoma basocelular (CBC) na orelha: É o tipo de câncer de pele mais comum do ser humano, sendo também frequente na orelha. É mais comum em homens acima dos 65 anos, podendo acometer com maior frequência a região da hélice. É um tumor de crescimento mais lento, com baixo risco de metástases, contudo, pela anatomia da orelha o CBC pode invadir cartilagem e até músculo sendo agressivo localmente.

Carcinoma espinocelular na orelha: é o segundo tipo mais comum de câncer de pele na orelha, ocorrendo principalmente em homens brancos acima de 65 anos, relacionado a exposição solar crônica. Especialmente na região da orelha é fundamental o diagnóstico precoce, pois o carcinoma espinocelular costuma ser mais agressivo nesta localização, podendo espalhar (metastizar) para linfonodos regionais. Aparece com maior frequência na hélice, no topo da orelha, região mais exposta ao sol.

Melanoma na orelha: É o tipo menos frequente de tumor de pele na orelha, porém, o mais agressivo, podendo metastizar para órgãos à distância. Também é mais comum em homens acima de 65 anos, sendo a localização mais frequente na hélice, assim como o carcinoma espinocelular.

Localizações mais frequentes de câncer de pele por tipo de tumor

Quando suspeitar de um câncer de pele na orelha?

Infelizmente o diagnóstico do câncer de pele na orelha costuma acontecer mais tardiamente, pois seus sintomas são confundidos com problemas benignos de pele. O que devemos prestar atenção para suspeitar de um câncer na orelha:

  • Ferida que não cicatriza: Uma ferida que não melhora após 15 dias deve ser considerada suspeita. Cuidado para não confundir com um machucado crônico por uma haste de óculos mal ajustados. Não cicatrizou por 15 dias deve ser avaliada por um médico especialista.
  • Mudança ou crescimento: Um lesão que cresce ou muda, muda de cor, muda de formato ou muda de tamanho é sempre uma lesão suspeita que deve ser examinada por um dermatologista.
  • Nódulo ou bolinha avermelhada: um nódulo avermelhado, de superfície brilhante, lembrando uma pérola, com pequenos vasinhos de sangue (telangiectasias) é sugestivo de um carcinoma basocelular.
  • Sangramento ou casquinha de sangue: lesões que apresentam sangramento espontâneo, sem história de trauma prévio são suspeitas.
  • Mancha escura: uma mancha, uma lesão plana, sem relevo, escura, tendo mais de uma cor e bordas irregulares é uma lesão bastante suspeita.

Um ponto importante em relação aos tumores de orelha é seu diagnóstico diferencial com outras doenças dermatológicas, portanto, o médico mais indicado para o diagnóstico de câncer de pele de orelha é o dermatologista, que consegue não só reconhecer o câncer de pele, como diferenciá-lo de outras problemas benignos dermatológicos.

Quem tem mais risco de ter um câncer de pele na orelha?

O câncer de pele na orelha é mais comum em homens (mais de 70% dos casos) acima dos 65 anos, de pele clara. Pessoas com histórico de exposição prolongada ao sol tem um risco mais elevado. Problemas de saúde que causem imunodepressão também aumentam o risco de desenvolvimento de um câncer de pele.

Como é feito o diagnóstico de câncer de pele na orelha?

O exame físico detalhado feito pelo médico especialista ajuda muito, assim como a dermatoscopia, mas o exame que de fato define o diagnóstico é a biópsia de pele. Um pequeno fragmento do tumor é removido e enviado para a análise, após poucos dias o médico já tem um diagnóstico definitivo e pode escolher o melhor tratamento do câncer de orelha.

Câncer de pele na orelha tem cura?

Sim tem cura, especialmente quando diagnosticado precocemente. Um ponto fundamental no câncer de pele de orelha é o diagnóstico nas fases iniciais. Quando permitimos que o câncer cresça, o risco de invadir cartilagem, osso ou espalhar pelo corpo é maior, portanto, atenção sempre a lesões suspeitas na orelha.

Qual é o tratamento do câncer de pele da orelha?

O principal tratamento para o câncer de pele em orelha é a cirurgia. Tratamentos não cirúrgicos, como pomadas, crioterapia ou terapia fotodinâmica tem taxas de cura inferiores e não são indicados na orelha onde os tumores costumam ser mais agressivos. Por ser uma região com uma anatomia muito delicada a melhor técnica cirúrgica nestes casos é a cirurgia micrográfica de Mohs, que tem as taxas de cura mais elevadas associada à menor cirurgia possível. Fazer uma cirurgia menor é muito importante na região da orelha para permitir uma boa reconstrução com resultados estéticos superiores. Mesmo nos casos de melanoma podemos usar a cirurgia de Mohs com imuno-histoquímica rápida, com excelentes resultados e melhores taxas de cura.

cirurgia de um melanoma na orelha. A-Tumor B-Delimitação de margem C-Pós operatório de 7 dias. D-Pós operatório tardio: excelente resultado estético com cura do tumor.

Fotos de câncer de pele na orelha

Um dos pontos mais importantes do câncer de pele de orelha é seu diagnóstico precoce, e nada melhor do que várias fotos de diferentes tipos de câncer de pele para ajudar no reconhecimento precoce deste tumor.

Carcinoma basocelular em orelha, com invasão e destruição da cartilagem
Carcinoma espinocelular em orelha, prestar atenção na parte de trás da orelha, tumores podem estar “escondidos”
Carcinoma basocelular na orelha. A- Tumor mal delimitado B-Delimitação do tumor C-Resultado final após a cirurgia

Perguntas frequentes

Ferida na orelha pode ser câncer?

Pode, aliás é um dos sintomas mais importante e que devemos prestar mais atenção: ferida que não cicatriza. Todos os tipos mais comuns de câncer de pele na orelha podem evoluir formando feridas. Todas as feridas que não cicatrizam em 15 dias devem ser examinadas por um médico especialista. Mas, nem toda ferida é um câncer de pele, alguns machucados crônicos, como os formados por hastes de óculos podem durar mais de 15 dias e serem benignos. De qualquer forma a regra vale! Ferida que não cicatriza deve ser avaliada, examinada por um bom médico especialista.

Uma mancha na orelha pode ser um câncer?

Pode, mas não é o sintoma mais comum! Por mancha entendemos uma alteração na cor da pele que não tem relevo, que é plana, que não se sente ao passar o dedo. Entre os tipos de câncer de pele mais comuns na orelha somente o melanoma se manifesta inicialmente como uma mancha. Carcinoma basocelular e carcinoma espinocelular costumam ter relevo, serem elevados ou formarem feridas, ou seja, são palpáveis quando passamos o dedo por cima. Os melanomas podem se iniciam como uma mancha escura, preta, marrom escura ou acinzentada e somente depois de algum tempo apresentarem relevo. Encontrou uma mancha estranha na orelha? Procure um bom médico especialista.

Quais as chances de cura do câncer de pele na orelha?

As chances são muito altas, especialmente quando diagnosticamos o câncer nas fases iniciais. Todos os tipos de câncer de pele que acontecem na orelha podem ser curados por cirurgia nas fases iniciais. Contudo, se o diagnóstico for tardio o câncer de pele pode espalhar, metastizar, sendo mais difícil de tratar. Por isso é fundamental prestar atenção à sua orelha e procurar um bom médico sempre que encontrar uma lesão suspeita.

Referências bibliográficas

  1. Peters M, Smith JD, Kovatch KJ, McLean S, Durham AB, Basura G. Treatment and Outcomes for Cutaneous Periauricular Basal Cell Carcinoma: A 16-Year Institutional Experience. OTO Open. 2020 Oct 19;4(4):2473974X20964735.
  2. Tammaro A, Adebanjo GAR, Chello C, Parisella FR, Cantisani C, Farnetani F, Pellacani G. Malignant lesions of the ear. Arch Dermatol Res. 2022 Nov;314(9):839-845.
  3. González A, Etchichury D, Rivero JM, Adamo L. Squamous cell carcinoma of the external ear: 170 cases treated with Mohs surgery. J Plast Reconstr Aesthet Surg. 2021 Nov;74(11):2999-3007.

Autor:

Dr. Gustavo Alonso

Dermatologista – CRM – SP: 97410 | RQE – 37815