Bronzeamento artificial pode dar câncer de pele?

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Sim, pode. Existem evidências científicas importantes relacionando bronzeamento artificial com câncer de pele, especialmente melanoma, o tipo mais perigoso de câncer de pele.

O número de casos de câncer de pele relacionados à bronzeamento artificial é maior que o número de casos de câncer de pulmão relacionado ao tabagismo!

O uso de bronzeamento artificial antes dos 35 anos aumenta em 59% o risco de desenvolver melanoma.

A agência internacional de pesquisa em câncer da organização mundial de saúde classifica como carcinogênicas (substâncias que podem causar câncer) tanto a radiação solar como equipamentos que emitam radiação ultravioleta como câmaras de bronzeamento.

Por esta razão a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) em dezembro de 2009 proibiu a prática de bronzeamento artificial por motivações estéticas no Brasil. O Brasil foi o primeiro país do mundo a adotar tal medida. Atualmente vários estados dos Estados Unidos, e também da Austrália, já adotam proibição semelhante. Infelizmente muitas clínicas de bronzeamento artificial seguem funcionando no Brasil através de liminares na justiça, mesmo com a proibição da Anvisa.

Como funcionam as câmaras de bronzeamento artificial?

As câmaras de bronzeamento artificial emitem principalmente radiação ultravioleta A (UVA), com baixo nível de radiação ultravioleta B (UVB). A radiação UVA é responsável pelo bronzeamento da pele, mas também atua diminuindo a capacidade de defesa do organismo, o que aumenta o risco do surgimento de um melanoma. Como as câmaras de bronzeamento emitem menos radiação UVB é mais difícil ocorrerem queimaduras solares, razão pela qual o bronzeamento é anunciado de forma irresponsável como sendo “seguro”.

Existe Bronzeamento seguro?

Se houver exposição à radiação ultravioleta, existirá algum risco de câncer de pele. Quanto mais clara e sensível for a pele da pessoa, maior o risco. Mesmo o bronzeamento “natural” pela exposição ao sol aumenta o risco de desenvolver câncer de pele. Bronzeamento é uma resposta de defesa da pele à “agressão” da radiação ultravioleta. A pele bronzeia para se proteger da radiação. O que existe e deve ser estimulado é a exposição solar segura. Exposição solar de curta duração, entre 10 e 15 minutos todos os dias, que é necessária e benéfica para a saúde, promovendo a fabricação de vitamina D, diminuição da pressão arterial e outros benefícios.

Autobronzeadores e bronzeamento a jato são perigosos?

Não, nestes casos não existe exposição à radiação ultravioleta. São produtos à base de dihidroxiacetona (ou outras substâncias semelhantes) que quando aplicados sobre a pele provocam uma reação química de oxidação (semelhante ao que acontece na ferrugem) na pele, escurecendo-a. O efeito desta coloração castanha tem duração média de uma semana e a aplicação só não é recomendada para gestantes e pessoas alérgicas . O procedimento é rápido e seguro. Um cuidado importante é não confundir auto-bronzeadores com protetores solares, autobronzeadores não oferecem proteção solar.

Referências bibliográficas

  1. Anvisa – RDC 56/2009
  2. Madigan LM, Lim HW. Tanning beds: Impact on health, and recent regulations. Clin Dermatol. 2016 Sep-Oct;34(5):640-8. doi: 10.1016/j.clindermatol.2016.05.016.
  3. Le Clair MZ, Cockburn MG. Tanning bed use and melanoma: Establishing risk and  improving prevention interventions. Prev Med Rep. 2016 Jan 14;3:139-44.

Autor:

Dr. Gustavo Alonso

Dermatologista – CRM – SP: 97410 | RQE – 37815